Miniestação da locomotiva “Amália 12” homenageia Luiz Henrique Paschoalin

A nova “casa” da maria-fumaça de 110 anos fica no Parque Maurílio Biagi e foi inaugurada nesta segunda-feira, aniversário de 167 anos da cidade

A nova “casa” da maria-fumaça de 110 anos fica no Parque Maurílio Biagi e foi inaugurada nesta segunda-feira, aniversário de 167 anos da cidade

Foto: Guilherme Sircili

Completamente restaurada, com todas as suas peças originais, a locomotiva Borsig ‘Amália nº 12’ ganhou casa nova e definitiva: a miniestação ferroviária Luiz Henrique Paschoalin, inaugurada hoje, 19 de junho, no Parque Maurílio Biagi. O abrigo em forma de estação foi batizado em homenagem ao agente cultural de mesmo nome, falecido em decorrência de complicações da covid, em 16 de janeiro de 2021, aos 58 anos.

Amigo leal e querido no meio cultural, Luiz Henrique Pascholin foi diretor administrativo e financeiro da Secretaria da Cultura e Turismo de Ribeirão Preto e diretor artístico do Theatro Pedro II.

Localizada dentro do Parque Maurílio Biagi, a Estação Ferroviária Luiz Henrique Paschoalin é um espaço cercado, mas com a possibilidade de a população ver a locomotiva. A miniestação conta também com um espaço interno para visitas.

“As visitas serão monitoradas por técnicos da Secretaria de Cultura e Turismo, que detalharão a história da ferrovia, do café, das origens da nossa cidade e os ciclos vividos no município até os dias de hoje. É importante que a história esteja na memória de todos para não esquecermos nossas raízes”, comentou o prefeito Duarte Nogueira, que também lembrou o minucioso processo de restauro pela qual passou a locomotiva.

Patrimônio histórico, cultural e ferroviário de Ribeirão Preto, depois de quase meio século ao relento, à mercê do tempo e de todo tipo de vandalismo, a Amália nº 12 passou os últimos três anos em processo de restauração, ganhando agora um abrigo seguro e digno de sua história.

A Amália 12

Iniciada em julho de 2020, após concluída uma licitação para este fim, a restauração da ‘Amália 12’ durou três anos e foi feita em Campinas, onde estava uma réplica da locomotiva. São apenas três as remanescentes da marca alemã no país. As outras duas estão em Itapetininga e Jaguariúna.

Fabricada em 1912 pela alemã Borsig, a ‘maria-fumaça’ tem 110 anos de muita história e ‘trabalho’, transportando ao porto de Santos e outros destinos as sacas de café que fizeram a riqueza do município nos tempos iniciais de desenvolvimento.

A locomotiva e os 30 metros de trilhos que a sustentam são os últimos resquícios da Estação Ribeirão Preto na Vila Tibério, que funcionou a partir de 1885 e foi demolida em 1968.

Desde 1973, a ‘Amália 12’ ficou exposta sobre seus trilhos na praça Francisco Schmidt, onde sofreu todos os tipos de vandalismo nos 47 anos seguintes.

Peças de cobre, ferro e aço foram furtadas. Seu interior abrigou moradores de rua, virou banheiro improvisado e nos últimos anos também abrigava tantas famílias de ratos, que foi preciso abrir a lataria com um maçarico para que os roedores fossem expulsos.

O péssimo estado da locomotiva a transformou num símbolo da destruição do patrimônio ferroviário, justamente numa das cidades que mais se desenvolveram a partir da ferrovia, que aqui chegou por conta da grande demanda de exportação do café, logo no começo do ciclo cafeeiro.

Até que em julho de 2020, a prefeitura a enviou para Campinas, de onde retornou há alguns dias, completamente restaurada. A ABPF (associação preservacionista) ficou responsável pelo restauro, com custo de R$ 749 mil.

O café e a ferrovia

Uma das mais importantes cidades do interior do país, Ribeirão Preto cresceu devido à ferrovia: muito antes da cana-de-açúcar, nossa economia se desenvolveu a partir da segunda metade do século 19, com as grandes lavouras de café, que utilizaram os trilhos principalmente da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, atraída para cá justamente pela grande demanda de transporte do café, no auge do ciclo, no início da década de 1910.

O crescimento populacional e a imigração italiana, que trouxeram ainda mais riquezas e desenvolvimento, aqui chegaram com e por causa da ferrovia.

Nessa mesma época, a ‘Amália 12’ foi construída e vendida à Estrada de Ferro Araraquara, depois foi comprada pela Usina Amália e, posteriormente, doada a Ribeirão Preto pelas Indústrias Matarazzo.

NANDO MEDEIROS

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